quarta-feira, 2 de julho de 2008

Teseu

Teseu e o Minotauro, de Antonio Canova

Teseu foi o mais célebre dos heróis atenienses. Seu pai humano era o rei de Atenas, e o divino, Posêidon.

"Egeu e Etra
Egeu, descendente de Erictônio, reinava em Atenas e não tinha descendentes, apesar das tentativas de praxe. Tinha no entanto numerosos sobrinhos, os palântidas (filhos de um irmão chamado Palas), que esperavam pacientemente sua morte para dividir a Ática entre si.

O rei decidiu fazer uma consulta ao oráculo de Delfos, que o aconselhou "a não abrir o odre de vinho antes de chegar a Atenas". Na volta dessa viagem parou em Trezena, onde reinava Piteu, filho de Pélops e Hipodâmia, dotado de poderes divinatórios. Egeu confessou ao amigo que não entendera nada, mas Piteu entendeu tudo. Ele tinha uma bela filha, Etra e, depois de embebedar Egeu com vinho, fez a moça se unir a ele. Em algumas versões da lenda o deus Posídon, apaixonado por Etra, também se unira a ela antes, nessa mesma noite.

Etra engravidou. Antes de conhecer o filho, porém, Egeu teve de voltar a Atenas, pois a situação estava um pouco instável devido à ambição dos sobrinhos. Por esse motivo, inclusive, o rei pediu a Etra que, se ela desse à luz um menino, só revelasse ao filho quem era seu pai quando ele tivesse forças para pegar a espada e as sandálias que ele escondera sob uma enorme pedra. Depois disso devia ir em segredo até Atenas, pois os ambiciosos palântidas eram capazes de matá-lo.

As primeiras façanhas de Teseu
Nasceu um menino, que cresceu vigoroso e forte como um herói. Aos dezesseis anos seu vigor físico era tão impressionante que Etra decidiu contar-lhe quem era o pai e o que se esperava dele. Teseu ergueu então a enorme pedra antes movida por Egeu, recuperou a espada e as sandálias do pai, e dirigiu-se para Atenas.

A mãe e o avô, Piteu, recomendaram-lhe que seguisse o caminho junto ao mar, pois o interior da Ática, na época, era cheio de perigos. Como todo adolescente que se preza, Teseu agradeceu o conselho, comovido, fez o solene juramento de cumprí-lo e, sem vacilar um minuto, tomou o caminho mais perigoso e foi em frente.

O jovem herói não teve, porém, nenhuma dificuldade em vencer os malfeitores e monstros que ia encontrando: o bandido Perifetes, que atacava os viajantes com uma clava de bronze (em Epidauro); Sínis, que amarrava suas vítimas entre dois pinheiros vergados e depois cortava a corda que prendia as árvores (perto de Cencreis); a feroz porca de Crômion, que já havia matado muitos homens; Círon, que obrigava os viajantes a lavarem seus pés no alto de um rochedo e depois chutava-os lá de cima (na Rochas Cirônicas); Cércion, que obrigava os viajantes a lutarem com ele e depois os matava (Elêusis); e Procrustes, que "ajustava" os viajantes ao tamanho de um determinado leito, esticando-os, se eram muito baixos, ou cortando-lhes os pés, se eram altos demais (na estrada entre Mégara e Atenas).

Teseu em Atenas

Em Atenas o rei Egeu, já idoso, estava casado com a feiticeira Medéia, que tentava acabar com a famosa esterilidade do rei também através de encantamentos. A princípio, Teseu não mostrou os objetos que trouxera e não foi reconhecido pelo pai; mas Medéia percebeu imediatamente quem era o jovem e fez planos para se livrar dele.

A feiticeira havia notado que o rei sentira um certo temor diante do poderoso visitante; segredou então a ele que o jovem era perigoso e aconselhou-o a pedir-lhe que os livrasse de um touro furioso que devastava a planície de Maratona. Dizia-se que esse era o gigantesco touro que Héracles havia trazido de Creta e soltado perto de Micenas por ordem do rei Euristeu. Teseu enfrentou o touro, capturou-o sem dificuldade e ofereceu-o em sacrifício a Apolo.


Medéia fez então com que o rei convidasse Teseu para jantar, para que ela pudesse envenená-lo discretamente. Na ocasião, porém, Egeu reconheceu a espada em poder do jovem, derramou a taça de veneno e disse a todos os presentes que Teseu era seu filho e herdeiro. Medéia foi repudiada e banida para a Ásia.

Teseu teve ainda de lutar contra os primos, os numerosos palântidas, que pretendendiam herdar o trono de Egeu. Depois de vencê-los, foi reconhecido por todos como o único e legítimo herdeiro do trono.

Minos, Pasífae e o touro
Minos, filho de Zeus e Europa, reinava na ilha de Creta graças a Posídon, que fizera sair do mar um touro belíssimo, prova inconteste do favor divino. Minos prometera sacrificá-lo a Posídon, mas ficou tão encantado com o animal que decidiu conservá-lo em seu rebanho. O deus, furioso com a desfeita, vingou-se enlouquecendo o touro e fazendo-o fugir, causando grandes estragos em toda a ilha.

Além disso, Posídon fez com que Pasífae, esposa de Minos, engravidasse e desse a luz a uma criança com corpo de homem e cabeça de touro, o Minotauro, de extrema ferocidade e que se alimentava de carne humana. Minos, aterrado e envergonhado, mandou construir um intrincado labirinto, do qual ninguém conseguia sair, e prendeu o Minotauro dentro dele.

Teseu e o Minotauro
Andrógeo, um dos filhos de Minos e Pasífae, era um atleta notável e, quando Egeu reinava em Atenas, venceu todas as modalidades de um concurso atlético promovido pelos atenienses. Foi morto traiçoeiramente, pouco depois, pelos invejosos rivais ou, segundo outra versão, morreu tentando vencer o touro que assolava Maratona, em resposta a um desafio de Egeu.

De qualquer forma, Minos declarou guerra a Atenas, venceu e fixou o seguinte tributo: a cada três anos (ou todos os anos, ou ainda a cada nove anos), os atenienses teriam de mandar a Creta sete rapazes e sete moças, que seriam oferecidos ao Minotauro. Se o Minotauro morresse, o tributo cessaria.

Pouco depois da vinda de Teseu a Atenas, chegou a época da terceira remessa de jovens, e Teseu fez questão de ser um deles: queria vencer o monstro e livrar a cidade. Egeu concordou, a contragosto, e combinou um sinal com o filho: se tudo corresse bem, o navio retornaria com velas brancas; caso contrário, com velas negras.

Quando os rapazes e moças desembarcaram em Creta, Ariadne, filha de Minos e Pasífae, apaixonou-se por Teseu e resolveu ajudá-lo: deu-lhe um rolo de fio para marcar o trajeto dentro do labirinto e, assim, sair sem problemas. Teseu enfrentou então o Minotauro, venceu-o e, após sabotar os navios cretenses para evitar qualquer perseguição, voltou a Atenas com os companheiros e Ariadne.

No retorno, porém, Teseu não foi tão feliz. Durante uma parada na ilha de Naxos, Ariadne desapareceu ou, segundo outra versão, foi abandonada por Teseu; logo depois, o deus Dioniso recolheu-a e fez dela sua esposa.

O herói esqueceu-se, também, do que combinara com o pai, e não colocou velas brancas no navio. Em Atenas, Egeu aguardava o retorno de Teseu; vendo que o navio se aproximava com velas negras, pensou que havia perdido o único filho e lançou-se ao mar, do alto da acrópole. É em sua homenagem que o Mar Egeu tem esse nome.

Teseu nos Infernos
Rei de Atenas e de toda a Grécia, Teseu se tornou um grande estadista e instaurou a democracia em sua cidade.

Ele teve um filho, Hipólito, com uma amazona. Depois casou-se com Fedra, que se apaixonou perdidamente por Hipólito. Como o jovem a rejeitou, desencadeou-se uma tragédia que terminou com a morte de ambos. Teseu e seu amigo Pirítoo juraram a seguir casar-se cada um com uma filha de Zeus. Teseu raptou a jovem Helena, com a ajuda de Pirítoo. Depois, em troca, ajudou seu amigo, que tinha escolhido Perséfone, embora ela fosse casada com Hades. Eles desceram aos Infernos, onde o deus os convidou à sua mesa, mas um feitiço os prendeu em seus assentos.
Pirítoo ficou lá para sempre. Teseu foi libertado por Héracles, que fora buscar Cérbero."

Fonte: http://greciantiga.org
Larousse Jovem da Mitologia, ed. Larousse

Um comentário:

Anônimo disse...

Nós não sabiamos que Teseu tinha ido aos infernos e quando a Rogeria disse pensamos que ele havia estado lá para visitar o pai morto (Egeu)


Carolina e Maria Luísa 5G